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Estamos perdendo o limite ao nos expormos nas redes sociais?

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Uma das necessidades mais básicas do ser humano é amar e ser amado. Nas redes sociais, a realização desse desejo se manifesta através dos "likes"
  • Uma das necessidades mais básicas do ser humano é amar e ser amado. Nas redes sociais, a realização desse desejo se manifesta através dos "likes"
Mais do que compartilhar links e informações e fazer novas amizades, as redes sociais funcionam como diários virtuais em tempo real. São comuns posts de gente narrando a rotina, reclamando do trabalho, mostrando a roupa do dia, o prato do almoço ou exibindo sua localização: na academia, na faculdade, no hospital ou na balada. Isso sem contar os "selfies" (autorretratos).
Recentemente, a norte-americana Emily Letts, de 25 anos, postou no YouTube um filme do aborto legalizado que fez em uma clínica médica, com a finalidade de conscientizar as mulheres de que o procedimento é um tabu que precisa ser combatido. As imagens renderam mais de um milhão de visualizações. Sucesso semelhante têm feito os "selfies after sex" (autorretratos de casais depois de, supostamente, terem transado).
Tanto o vídeo de Emily quanto as fotos pós-sexo são, no momento, os exemplos mais contundentes de que a exposição da vida particular em tempos de redes sociais ainda deve render muitos desdobramentos. E aqui cabe a pergunta: as pessoas estão perdendo os limites nessa exposição?
Para Pedro Luiz Ribeiro de Santi, líder da área de Comunicação e Artes da ESPM-SP (Campus São Paulo da Escola Superior de Propaganda e Marketing), postar constantemente acontecimentos particulares é um sinal de autoafirmação. "Antes, as pessoas obtinham reconhecimento social através da família ou do trabalho. Hoje, esse reconhecimento vem através das curtidas em um post. Os 'likes' parecem dar sentido à existência", explica.
Na opinião de Bia Granja, fundadora e curadora do You Pix, site sobre a cultura de internet que se transformou em festival em 2009, a questão não é analisar se posts são ou não necessários, mas reconhecer que sempre atrairão o interesse de alguém.
"Podemos nos perguntar também a quem interessa tanta notícia, novela e uma série de coisas. Ninguém precisa saber de nada, mas as pessoas gostam de acompanhar a vida umas das outras", afirma Bia, que diz ainda que qualquer um hoje é emissor de informação e tem uma audiência interessada nessas publicações.
"Se não fosse interessante para ninguém, a pessoa não teria seguidores, amigos, 'likes' e afins. Fora que quem critica a exibição alheia nunca acha a própria exposição demais, só a dos outros, não é?", declara ela.

Popularidade e narcisismo

Uma das necessidades mais básicas do ser humano é amar e ser amado. Nas redes sociais, entretanto, a realização desse desejo se manifesta através dos "likes", mas nem sempre essa popularidade acontece no plano real.
"A ilusão de que a quantidade de curtidas determina a aceitação das pessoas pode dar ao indivíduo a sensação de que é aceito socialmente, mas não revela a consistência de uma amizade duradoura, no contato pessoal, baseada na confiança mútua", fala Claudete Pagotto, coordenadora do curso de Ciências Sociais da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo).
Para Pedro Luiz, da ESPM-SP, os "selfies" depois de transar também apontam o esvaziamento das experiências reais. "Parece que o sexo só se torna real se for 'público'", explica.
De acordo com a psicanalista Luciana Wickert, de Porto Alegre (RS), não só as relações humanas vêm se tornando mais superficiais como também a noção de intimidade passa por mudanças. "Não basta tomar um bom vinho com o parceiro, é preciso exibir isso para o outro. É o olhar de aprovação alheio que dirá se aquilo tem ou não valor", comenta.
Fonte: http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/08/18/estamos-perdendo-o-limite-aos-nos-expormos-nas-redes-sociais.htm